jeudi 18 août 2016

The (nut) adept teacher rides again

                       






(Quadro "Os Retirantes", produzido no ano de 1944 pelo pintor brasileiro Cândido Portinari, que  expõe o sofrimento dos migrantes, tema também abraçado pelo poeta João Cabral de Melo Neto, que no seu próprio país, nem é reconhecido como aficionado, mas sim como o autor de "Morte e vida severina", pungente retrato do sofrimento do povo do nordeste brasileiro, tal e qual retratado por Portinari.)

Prezada Senhora Maria Alzira Seixo: colocar-se-ia no lugar do touro, para levar a tal "injecção intramuscular"? (trabalhando como médico há quase 30 anos, fiquei intrigado com a comparação de agulhas hipodérmicas, usualmente de 25x7 mm, com um arpão de 40x20 mm <http://tauromaquia-esfd.blogspot.ch/p/instrumentos-de-um-toureiro.html>(acesso em 30/09/2016). Além do mais, agulhas são meios terapêuticos, e não artefactos de tortura (por mais que alguns miúdos possam discordar de mim).
Diante da ameaça, lutaria pela sua vida? Nenhum touro contou-nos isso, mas até alunos com alguma escolaridade já aprenderam que quando acuado, a inevitável resposta fisiológica de "luta ou fuga", seja de que animal for (no caso em questão, do touro), esse "selvagem, tal leão, tigre e leopardo" (mas o touro não é apascentado nas ganadarias?) 
Tem piada comparar um herbívoro com grandes felinos originalmente selvagens, que se calhar seriam até bem mais mal dispostos que o mal-afamado touro, afinal são predadores carnívoros,  impossíveis de “lidar” e historicamente descartados para “espectáculos de bucha com carne humana ” quando o Cristianismo conquistou Roma.
Mas como dizia, a tal resposta fisiológica será sempre investir para frente, nem que o obstáculo seja a Sétima cavalaria americana, com Búfalo Bill e tudo. É que é a luta da vida dele.
Admito humildemente minha ignorância acerca dos detalhes da "arte", descritos por si com a maestria de um Edgar Alan Poe a nos fazer gelar até os ossos. Em minha defesa, porém, confesso que métodos de tortura e sadismo não são minha primeira opção literária. De todo jeito, essa “cultura” para mim não passa de depravação ética, escrita para tolos e lunáticos em geral. Manuais como o "Malleus Maleficarum" ou "Mein Kampf", podem impressionar incautos, mas são o que são, vergonhas para a humanidade. Tal qual a caça às bruxas e o III Reich, também um dia tombará a tourada, quero dizer: "um espectáculo sério, de silêncio… de arte… e força de ânimo, como a ópera… e o ballet…(que) exige conhecimento para se apreciar...".
Não imagina o alivio que trouxe à minha pobre consciência, ao esclarecer que "tudo que se diga como tormentos e crueldade é pura imaginação da observação empírica, ignorante e leviana".
Raios partam minha ignorância tauromáquica! Ainda bem que esses textos esclarecedores e peliculas como "Matrix", trazem-nos mais para perto da verdade. Qualquer dia desses, algum aficionado levanta-se e grita, imerso nos aplausos (ou vaias): "silêncio, que vai começar a tourada!" ("NINGUÉM SE DIVERTE", certo?)
E para finalizar, apanho outra boleia, na citação do poeta e diplomata pernambucano João Cabral de Melo Neto. Ele próprio, um brasileiro aficionado segundo você ressalta, e que procurou na tauromaquia uma analogia para o seu processo criativo. E da sua obra passo a citar um excerto de "Tecendo a manhã", que pode suscitar em todos nós, homens e mulheres de paz desse planeta, o sentido de união e luta pelos nossos ideais: 

"Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia ténue,
se vá tecendo, entre todos os galos (…)"


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